Resumo
A utilização do texto literário como recurso didático faz parte da nossa proposta de trabalho na aula de PLE; consideramos que a riqueza e complexidade oferecidas por ele contribuem a que possamos incluí-lo dentro das nossas práticas áulicas de formação de professores, em que a reflexão sobre as variadas possibilidades do texto literário está presente. Dentro da produção contemporânea destinada a crianças e jovens o livro-álbum joga importante papel; nele palavra e imagem imbrica-se de maneira tal que a anulação de uma dessas partes constitutivas modificaria absolutamente o relato, deixando-o incompleto. Mas, no caso desse nosso trabalho, é possível explorar um texto literário sem palavras, visando ao estudo de uma língua estrangeira? Qual subsídio dito texto ofereceria ao professor de LE? Consideramos essas narrativas visuais como objetos culturais que demandam outro posicionamento na observação, desde que interpelam o olhar do leitor; a imagem direciona porque coloca em destaque e guia o percurso narrativo, não de forma paralela a um texto escrito, mas é através do visual que traça o rumo da história. O escritor/ilustrador trabalha com uma materialidade que é resultado de uma série de decisões não arbitrárias e em relação com a história que está se contando. Além de lápis de escrever e de cor, crayons, aquarelas, papéis coloridos, a visualidade pode abranger bonecos, tecidos, material reciclado, etc.; nela subjaz o projeto gráfico, no qual se suscitam considerações que têm a ver com a espacialidade da página, o que é narrado em cada uma delas, qual o uso que leva a dobra interna, etc. Tudo isso que requer e interpela uma alfabetização visual necessária. Numa construção de significados dada só pelo código visual, e completada pelo leitor/aluno de PLE, nosso trabalho propõe pensar a construção de narrativas, orais ou escritas, através da visualidade do texto literário como ferramenta de ensino da língua portuguesa. Como proposta de trabalho para levar à sala de aula, pensamos que essas narrativas facilitariam o desenvolvimento da oralidade e também a construção de histórias escritas, segundo qual for o objetivo, possibilitando vivenciar um aspecto lúdico na aprendizagem. Para sustentar esta análise, essa comunicação visará a compartilhar propostas baseadas em algumas narrativas de imagem dos escritores/ilustradores Eva Furnari e Roger Mello; trabalharemos com um pequeno corpus deles e as considerações teóricas de Ricardo Azevedo e Istvanch Schritter, a respeito da imagem; de Silvestri e Augustowsky sobre a especificidade do discurso literário e a experiência da criatividade.