Sinopse
Adrilles Jorge é um homem atormentado. Salva-lhe a vida a poesia e, assim procedendo, ele acena com essa espécie de salvação a nós também.
Por sua inteligência e cultura acima da média padece da falta de interlocutores, prega no deserto. Mas, digo e repito: pregar no deserto é negar o deserto.
Assim, Adrilles é um homem só que nunca está sozinho. Caso patológico de viciado em notícias, sobrevive com rações diárias de indignação e fúria.
Farto da dialética anti-hegeliana que se nos exige a tragicomédia humana em geral, e a patética brasileira em particular, aferrou-se ao poço invertido do paradoxo.
Sua poesia dá voltas como a água que escorre para o ralo, só que para cima, em espiral ascendente.
Como nuvem, sua poesia se transforma de um verso a outro, cada poema abriga continentes distantes, como se fossem vizinhos de vila.
Reforço, escreve para se salvar, e se dana, nos salvando.
Todos os lugares cabem em seu inesgotável coração lírico.
Todas as guerras se eternizam em seu furor épico.
Todas as mortes se fazem vivas em seu labirinto cósmico.
Homem de princípios sem fim, um desgraçado pela graça, amante do abismo, um farol encalhado em trevas.
Um poeta de Minas.