Sinopse
Este conto de Afonso Borges lembra-me Carlos Drummond de Andrade quando defende que o simples nada tem de fácil: ao contrário, é difícil, resultado de muitas elaborações, da busca da palavra e da frase justa a determinada história ou poema. O menino, o assovio e a encruzilhada é bastante simples: a narrativa é linear, a personagem é uma só, as palavras, de nosso cotidiano. Para construir a história, há um ritmo bem marcado, quase ralentado, há muitas metáforas e sinestesias sem qualquer rebuscamento – e há as múltiplas interpretações, que se tornam uma encruzilhada também para o leitor. Encruzilhada é a palavra-chave da narrativa, e na verdade não é só da vida do menino: é da história de cada um de nós, chamados o tempo todo a fazer escolhas – das mais simples até as mais decisivas. E a pergunta fundamental é: numa encruzilhada, como e por que escolhemos certo caminho? Boa questão, que vai por algum tempo ocupar a mente do leitor, encerrada a leitura. E que vai gerar reflexões e discussões interessantes - um bom sinal da qualidade do conto.