Resumo
O período da Ditadura civil-militar brasileira (1964-1985) foi marcado pela censura e pela violência aos movimentos contestatórios à ideologia do regime. Paralelo a isso, como forma de resistência, a produção literária brasileira emergida nesse período e no decorrer dos últimos anos apresenta em seu veio denúncias ao tolhimento de direitos democráticos nas contingências ditatoriais. Referente à literatura infantil e juvenil, na contemporaneidade, há narrativas que tematizam esse período e partem de experiências particulares dos escritores ou não, com ênfase no protagonismo da criança ou do adolescente em meio às circunstâncias do regime. Partindo dessa conjectura, visamos discutir como se configura a representação da infância na narrativa juvenil Clarice (2018), de Roger Mello. Especificadamente, analisar a personagem que dá nome a narrativa, tendo como eixo sua representação enquanto sujeito inserido no contexto político de censura e de opressão resultantes da Ditadura civil-militar. Apesar da conjuntura hostil, é possível afirmar que a protagonista possui uma visão crítica frente às consequências do regime opressor, transmitindo uma mensagem de resistência aos leitores. A pesquisa é de cunho bibliográfico e baseia-se nas contribuições de Lajolo (2009), Figueiredo (2017) Sarmento-Pantoja (2012; 2018), entre outros pesquisadores contemporâneos que se dedicam a temática proposta.