Resenha
São poucas as pessoas que ainda cultivam a arte de cerzir. Para fazer um remendo quase invisível na trama, é necessário buscar e separar cada fio rompido, para depois fazer dos próprios fios, da carne mesma do tecido, a linha invisível para reparar o rasgo. Com visão penetrante e rara delicadeza, a autora tratou, em palavras, de um dos mais desastrosos rasgos na vida de uma família: aquele que leva a separações, a perdas, a dolorosas escolhas. Acompanhando o fio invisível dessa trama, cá e lá iluminado pelas ilustrações de Roger Mello, o leitor de repente se vê enredado em uma história tão particular que acaba por se tornar coletiva. Quando o livro se fecha, parece que alguma coisa importante que antes havia se rompido também volta a se juntar dentro do leitor.